CERVEJA

"Eis que a vida se resume nisso, juntando tudo que coubesse em um copo de cerveja. Entre um gole e outro,recitando a poesia da noite, citando mendigos, que pedem um trago, um gole, uma moeda....Noite, de cara insossa com seu garçom e a lata de cerveja na mão...Meus olhos gelados, examinam o bar, meu refugio; repouso minha visão sobre o copo, sinto em meu peito a navalha da angustia, o copo?Está vazio."

Texto antigo, mas que gosto muito.

Contos de Fadas

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Por todos os lados sorrisos brotam, suspiros florescem, a fertilidade da alegria se espalha pelo ar. Um conto de fadas se cria numa ilusão transitória e momentânea, aonde foi parar a realidade, que outrora feria a pobre imaginação da criatura. Um Chapeleiro Louco passa por aqui, a Rainha de Copas conversa com a Alice logo ali. Veja, veja a Chapeuzinho Vermelho em piquenique com os Três Porquinhos.


O que um dia foi considerado fértil, agora se aliena na esterilidade da rotina. O Príncipe Encantado come moscas na lagoa, o Lobo Mal agora vira latas de lixo na esquina. Sonhos compartilhados, desejos de uma Bela Adormecida a espera do despertar. Convenções determinam atitudes. O Gênio não tem mais lâmpada, a Fada sem sua varinha.

Chega a hora do rito de passagem, usurpando uma eternidade de inocência. O despertar da ilusão trás de volta a dor, dor de ver a realidade, dor de ouvir a realidade, dor de sentir a realidade. Acorde, veja a fantasia se transformando, as cores vivas esmaecendo em um tom cinza, o piquenique tomado por formigas, a Rainha de Copas descartada do baralho, veja o deserto, seja bem vindo ao deserto, Deserto do Meu Real.

Fora de contexto

Ego, centro personificado da soma total de pensamentos e desejos.
Desejo, ataraxia como propósito de um indivíduo.
Pensamento, processo individual permissível a seres ditos inteligentes.
Inteligência, capacidade de raciocínio, abstração de idéias, solução de problemas, compreender idéias e linguagem, APRENDER.
Aprender...

Deixo aberta a porta das conclusões, associação de imagem e texto.

Saias

-Uau, como diria o grande poeta:
“Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça, é ela menina que vem e que passa...”.
-Vinicius de Moraes?
-Não o idiota, Belquior!
-Meu Deus, como são incultos. Essa musica é de Tom Jobim.
-Sim, e por que você tava cantando?
-Você viu a bela moça que aqui passou?
-A sei, a gostosa de mine saia?
-Sim seu boçal!Eu cantava me referindo a ela, sobre sua leveza ao caminhar em direção ao seu destino, sobre o gingado de seus quadris e o balançar suave de sua saia acompanhando o contorno de seu corpo e a suave brisa adentrando suas pernas.
-Mas você estava olhando pra bunda dela, pras pernas ou pra saia?
-Bem eu tava olhando os pei...
-Calem-se energúmenos, eu me referia ao balanço das saias que contornam belas curvas de mulheres varias pelo mundo, de como nos instigam a pensar sobre seus contornos, de como mulheres ficam lindas de saia, sejam elas curtas, grandes, rodadas, de algodão, de jeans, se usam saias rodadas ou não, eu adoro o suingue de seus corpos e o movimento resultante disso, essa dança frenética de pele e tecido em contato um com o outro, me hipnotizando e me levando a loucura em devaneios cada vez mais profundos em minha mente, e quando volto ao meu estado de consciência, me pego convidando-a para sair...
-O quê que ele quis dizer com isso?
-Sei lá!Mas acho e ele disse que ela é gostosa!
-Meu saco. Nasci no planeta errado!

Nostalgia

Saudade de tempos tranqüilos
De paz de espírito, onde
Rotina era acordar, comer e brincar
Até à hora de dormir novamente
Saudade da época em que a maior preocupação
Seria encontrar o brinquedo favorito
Saudade do amor puro e inocente de criança
Quando um simples segurar de mãos, significa
Bochechas vermelhas e dias de broncas de mãe –
Menino vá lavar essas mãos, estão imundas -
Saudade de tempos felizes com horas vazias e
Um simples medo era superado com um fechar de olhos
E criatividade o suficiente para fantasiar um mundo diferente
Saudade de correr pro quarto dos pais, por medo de trovão
Saudade de ser criança e não saber nada, não ter culpa de nada.

Sem Nexo

Indispensável sabedoria, que em muitos ainda falta.
Conclusões de uma vida inteira, na transformação da noite em dia.
Pra onde vou? Pra onde iremos?
Sentidos avulsos de uma louca ideologia.
Metamorfoses de idéias transmutadas na mudança.
Virtudes e valores inexistentes ou camuflados?
Quem sabe, a sociedade imposta num trilho indo a um único sentido?
Nada mais me importa agora. Cazuza queira uma ideologia pra viver, eu, quero viver pra ter uma ideologia.